Uma das coisas mais importantes da Doutrina Espírita é sabermos que não estamos sós. Ela nos ensina sobre a realidade das presenças espirituais ao nosso redor, sejam elas boas ou más e como podemos e devemos lidar com isso.
Segundo um dos fundadores da FEAK, Armando Falconi, “se nós formos numa fase anterior a Allan Kardec, no Livro Atos dos Apóstolos e muito mais bem explicado no Livro Paulo e Estevão, vamos ver na Carta aos Hebreus, capítulo 12, versículo um, onde quer que tu estejas, nuvens de testemunhas vos observam. Então, quando Kardec fala da presença dos espíritos na nossa vida, ele está falando algo que está fundamentado no Novo Testamento da Bíblia. Isso é uma realidade. Já a percepção disso varia de pessoa para pessoa. Quem tem uma sensibilidade, que nós chamamos de mediunidade, consegue perceber isso de maneira mais ostensiva. Quem não, raramente percebe”. Já os animais domésticos não são médiuns, mas captam campos vibracionais.
Falconi explica que, para compreender que os lares são habitados por encarnados e também por desencarnados, partimos do princípio que, onde quer que nós estejamos, temos companhia, seja no lar, no trabalho, na via pública ou no lazer. Durante o sono, o corpo está dormindo e o espírito entra em desdobramento, tendo contato mais fácil com tudo.
As obras de Manuel Philomeno de Miranda, através de Divaldo Franco, e de André Luiz, através de Chico Xavier, vão nos mostrar isso em vários momentos. Não só essa presença entre nós, mas a influência dos espíritos na nossa vida, nos nossos pensamentos e nas nossas decisões.
Falconi cita a pergunta 459 no Livro dos Espíritos, na qual Allan Kardec pergunta: influem os espíritos em nossas vidas? Muito mais do que podeis imaginar. De ordinário, são eles que vos dirigem. Entretanto, Falconi alerta que isso não pode ser usado como desculpa para todos os atos das pessoas. “Se hoje eu sou grosseiro, sem educação, inconveniente, amanhã eu posso pedir desculpa e dizer que tinha um espírito atrás de mim que me induziu. Então fica parecendo que nós somos marionetes na mão dos espíritos. Negativo, basta continuar lendo o Livro dos Espíritos. Na pergunta 467, Allan Kardec vai perguntar: tem o homem como eximir-se da ação dos espíritos perturbados ou perturbadores? A resposta é curta e direta: sim, porque em verdade só aproximam de vós aqueles que atraís pelos pensamentos, palavras e comportamentos. Então, se um médium vidente disser que está vendo espíritos obsessores através de mim. Na verdade, fui eu que os atraí com o meu padrão vibratório”.
Matheus Fernandes Fraga, um dos guias espirituais da FEAK, diz que, na Colônia Regeneração, que é para a Zona da Mata mineira o que é Nosso Lar para o Rio de Janeiro, o governador Abel Gomes trocou a palavra obsessor por convidado. “Você só convida para sua casa alguém que você tenha sintonia. Da mesma forma, eu só vou convidar para entrar no meu campo energético alguém que eu tenho sintonia”, alerta Falconi.
Seguindo esta linha de raciocínio, Falconi explica que todo tipo de presença espiritual pode se aproximar de um lar, das mais equilibradas até as mais desequilibradas. “Para que eu consiga sofrer a ação dele, é necessário que eu esteja na mesma sintonia. Se eu estiver com pensamentos negativos, destrutivos, de raiva, ódio, ciúmes, mágoa, esse tipo de espírito vão estar juntos de mim. Eu os atraí. Se eu tiver com pensamentos nobres, elevados, cultivando virtudes, fazendo esforço para me modificar, estes espíritos é que conseguirão sintonia comigo.”
Por isso, precisamos estar atentos aos pensamentos, sentimentos e hábitos dos moradores, pois eles influenciam a qualidade das companhias espirituais que recebem. Falconi afirma que “somos nós que atraímos, quanto mais higiene de pensamentos, atitudes e comportamentos no lar, melhor. Mateus Fernandes Fraga, um dos benfeitores da FEAK, diz que não existe evolução sem higiene. Tudo vai interferir e a ambiência espiritual será consequência ampliada da ambiência material”.
Para manter a harmonia espiritual dentro de casa, Falconi explica que a Doutrina Espírita diz que, primeiro, a pessoa precisa harmonizar-se consigo mesma e depois buscar harmonia com as pessoas com quem você convive através dos pontos em comum. Para isso, o Evangelho no Lar é um dos recursos excelentes. A oração individual, a oração coletiva, as leituras edificantes, a higiene com o que se assiste na televisão ou nas redes sociais. “Para melhorar a vibração nos lares, o Evangelho no Lar é uma ferramenta poderosa para aproximar pessoas. A mensagem de Joanna de Angelis diz que, pelo menos uma vez por semana, deve-se convidar Jesus a visitar o teu lar. É um momento de harmonizar a família”, aconselha.
Falconi explica que há sinais claros de que um lar está em desarmonia espiritual e que isso se reflete também no campo material. “Se entre os familiares está havendo harmonia, proporcionalmente haverá harmonia no campo vibracional espiritual. Se está havendo desavenças, isso lado de lá vai ser proporcional. Uma coisa alimenta a outra.” Para lidar com isso e mudar essa frequência vibracional, Falconi aconselha, primeiro, ler sobre o assunto. Na Doutrina Espírita, nós temos um livro da Teresa de Brito, através do Raul Teixeira, que chama “Vereda Familiar”, que é excelente. Nós temos um outro livro de um companheiro do Triângulo Mineiro, que diz “Um desafio chamado família”, volume 1 e 2. Nós temos um outro do Hermínio Miranda, que diz, nossos filhos são espíritos. “Dentro do lar, mais do que nunca, precisa ser discutido, conversado, trabalhado e comentado. Nós vemos que hoje, nos meios de comunicação, há pessoas com milhares de seguidores com um vazio moral assustador e pessoas que têm trabalhos nobres que não são tão valorizados. Está faltando diálogo, precisamos aumentar o diálogo em família, mas diálogo de boa qualidade.”
Para construir um ambiente espiritual saudável no lar, Falconi aconselha “seja melhor a cada dia. A Doutrina Espírita é uma escola de autoconhecimento, quem sou eu, de onde eu vim, por que e para que eu estou aqui, por que que eu estou com as pessoas A, B ou C? E para onde eu irei depois da finitude corporal? Quanto mais eu me conheço, abro portas para conhecer melhor o próximo. E na nossa família, lembrar que nós recebemos não apenas afetos, mas recebemos também desafetos e devemos lembrar da palavra-chave deste ano da FEAK: reconciliação. Quanto mais você estuda Espiritismo e pratica, vai se tornando uma pessoa melhor. Você não está competindo com o colega, com o próximo, com o pai, com o filho, com o vizinho, é consigo mesmo. Allan Kardec vai dizer: merece ser chamado espírita aquele que é hoje melhor do que foi ontem”.
